quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A Arca e o arquétipo de Grande Mãe

A Arca e o arquétipo da Grande Mãe

Dentre as inúmeras missões especiais da Arca no alvorecer do III Milênio, a mais recente está em perfeita sintonia com a chegada da Nova Era no sentido do resgate do Sagrado Feminino. Durante uma meditação acerca da postura patriarcal e até machista de muitas Instituições religiosas tive a visão do surgimento de um exército, uma legião de mulheres sábias-guerreiras, que têm a incumbência de guiar os homens no caminho da religação com Deus, para a Terra Prometida.

Desde então fizemos reformulações na estrutura e funcionamento da Arca (já uma Escola Espiritual que se alicerça no ministério da casal) para ressaltar ainda mais o papel  das mulheres, nas lideranças, nos exemplos a serem seguidos, na tônica a ser dada em algumas funções onde os arquétipos  do Feminino e  da Mãe são essenciais e mesmo indispensáveis.

Francis, nosso dedicado devoto arquense, vivenciou e formulou de maneira bela e sensível este mistério em sua “Carta as Zeladoras”.

Carta as Zeladoras
Por Francis Juliati

Caríssimas Irmãs,  primeiramente, quero explicar o significado do termo que empregarei ao me referir a todas vocês nesta carta. “Mataji” é uma palavra sânscrita que quer dizer “Mamãezinha”. E isso é o que todas vocês são desta linda missão, portanto, rejubilem-se. Deus quer gerar no coração de cada uma de vocês a Arca da Montanha Azul.

Matajis, vocês são as sacerdotisas do Fogo Sagrado, a personificação da Grande Mãe que com Amor imensurável está em todo universo. É tempo de vocês deixarem a Deusa falar a nós seus filhinhos. Por favor, ensina-nos, guia-nos nesta Era de Aquário, os filhos precisam de suas Mães firmes ao seu lado para atravessarem a escuridão.

Ó Matajis, estamos mui necessitados de aprender a exercer todas as qualidades maternais, silêncio oportuno, compreensão, afeto, zelo, esperança, constância no perdão, receptividade e muitas outras que vocês ostentam como jóias resplandecentes.

A missão de nossa Casa é árdua, mas, que os seus testemunhos de amor sejam flores fragrantes no caminho, precisamos do leite materno, para podermos nos fortalecer para receber alimento espiritual sólido. Só vocês Matajis poderão nos dar luz para o mundo espiritual.

Ergam-se Matajis recoloquem suas coroas de 12 estrelas, vistam-se de sol, calcem a lua, é tempo de reinar, confiem na Mãe Divina, esqueçam o medo. Todo o tempo de silêncio semeou muitas sementes e este é o tempo da colheita.

Que a força da Virgem Maria, Pachamama, Coatlicue, Yemanjá, Dürga, Kuan Yin, Ísis, Deméter, Hécate, Mayahuel, Tara, Saraswati, Bhumi, Laksmi e todas as personificações do Sagrado Feminino despertem em seus corações.

Com amor e eterna servidão do mais caído filhinho.

Francis Juliati.


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

São Francisco de Assis - II

São Francisco de Assis; o lado místico do irmão de Assis.
Por Francis Juliati

São Francisco sem duvida é o ser humano canonizado pela igreja católica mais popular que já existiu. Um romantismo um tanto quanto acentuado cerca a pessoa deste tão nobre homem. Quem já viu o filme Irmão Sol, Irmã Lua, pode ter certa noção disso. São Francisco é visto por muitos como um “riponga medieval” protetor dos animais, que falava com plantas e bichos e que igual a muitos jovens abandonou a casa dos pais em busca de um ideal.
Mas as pessoas que se interessam por espiritualidade devem se desprender dessa visão e buscar conhecer a grande vida mística do Santo de Assis. São Francisco tivera experiências místicas muito fortes e uma vida totalmente em comunhão com o Divino. Ele conseguiu viver em conformidade com os ensinamentos espirituais de várias tradições devido a vivencia diária do amor.
O Sri Isopanisad diz:

Yas tu sarvani bhutany
Atmany evanupasyati
Sarva-bhutesu catmanam
Tato na vijugupsate

“Aquele que vê que tudo está relacionado com o Senhor Supremo, que vê que todas as entidades vivas são suas partes integrantes, e que vê que o Senhor Supremo está dentro de tudo, não odeia nada nem ninguém.”
Sri Isopanisad Mantra Seis.

São Francisco tinha essa visão, por isso, era todo amor para com todos os seres vivos. As pessoas visam muito o lado filantrópico de São Francisco, mas, se esquecem que tudo isso era fruto de uma vida mística no sentido mais profundo da palavra. Ele era um homem totalmente “intoxicado” por Deus, longos eram seus períodos de êxtase em contemplação ao Divino dentro de matas e cavernas. E isso resultava em uma explosão de amor por todos os seres vivos, ele não via a cor, credo, classe social somente via Deus “O Amado” em todos.
Nós que somos admiradores da vida de São Francisco, não podemos esquecer de em qual rocha ela foi talhada.
A vida mística de São Francisco de Assis é desconhecida para maioria de seus admiradores. Talvez possa até ser um tanto quanto desinteressante, para os que estão acostumados com os quadros que retratam um Francisco dançando em meio aos passarinhos.
A Igreja diz que ele foi o homem que mais se assemelhou ao Cristo, e ele não nasceu assim. Pensem naqueles jovens boêmios que viram noites e mais noites na balada, assim era Francesco di Bernadone.
E para nascer o mundialmente conhecido Francisco de Assis o outro falso teve que morrer. São Francisco teve que passar por processos muito difíceis, para quebrantar seu ego, teve que sofrer muitos baques para perceber a efemeridade das coisas deste mundo, enfrentar seus maiores questionamentos, a solidão, a incompreensão. Ele passou por uma intensa jornada de autoconhecimento para enfim conhecer o Amado de sua alma.
São Francisco teve decisão, manteve-se firme, entrou em uma estrada sinuosa, mas seguiu firme, pois queria saber o que havia no final dessa estrada.  
Ele viveu a espiritualidade do amor esponsal, aonde a alma se identifica como esposa do Cristo e é desposada no patíbulo da Cruz. A esposa não é senão um só corpo com o esposo e compartilha todas as coisas com ele. Então uma alma esposada do Cristo vive como Ele, trilha seus caminhos e cumpre a mesma missão. São Francisco recebeu em seu corpo as marcas da crucifixão de Cristo, como sinais de sua união mística com o Divino. Ele foi estigmatizado após uma noite escura, enquanto fazia sua quaresma em honra a São Miguel Arcanjo no alto do monte Alverne, suas mãos, pés e seu lado foram perfurados pelos raios de um Serafim flamejante.
O santo de Assis assumiu o ideal do Cristo para sua vida e manteve-se firme até o fim, tendo o amor como sua lei áurea.
Os escritos de seus contemporâneos retratam muitos acontecimentos místicos que por sua entrega ocorreram. Certa vez, foi revelado a um de seus companheiros que havia um trono muito esplendoroso reservado a São Francisco no mundo celestial, por isso, os franciscanos o chamam de Pai Seráfico. Nos estudos sobre os anjos explica-se que os Serafins são os seres da mais alta hierarquia angélica, eles estão todo o tempo diante da face de Deus.
Assim como Avalokitesvara, boddhisattva da compaixão, São Francisco assiste as esferas de sofrimento, ou o purgatório na tradição católica, com o auxilio da Virgem Maria. Do mesmo modo Avalokitesvara possui o auxilio de Tara. 
O celebre episódio no qual São Francisco convida os pássaros para cantarem as glórias de Deus é muito semelhante ao que ocorre com Sri Caitanya Mahaprabhu, uma das encarnações de Krishna, quando este convida todos os animais da floresta para cantarem os Santos Nomes.
Como podemos ver São Francisco é um ser que ultrapassa qualquer restrição doutrinal e que perfeitamente pode ser aceito por qualquer tradição religiosa, por que se assemelhou totalmente com o Cristo em sua origem.

Então se temos o desejo de um mundo melhor, busquemos o exemplo de São Francisco e sejamos decididos. Busquemos o autoconhecimento, abandonemos o que tiver que ser abandonado, amemos uns aos outros e nos entreguemos à transformação.

“Francisco o mundo tem saudades de Ti”
Papa João Paulo II

terça-feira, 21 de setembro de 2010

São Francisco de Assis - I

SÃO FRANCISCO DE ASSIS


Durante o período de 01 de setembro a 04 de outubro é realizado a Romaria de São Francisco, nas Igrejas da Barquinha. Honrando essa tradição a Arca da Montanha Azul também realiza nesse período trabalhos em agradecimento a São Francisco por suas benções.


Abaixo uma pequena biografia desse Santo, retirada do site http://www.franciscanossantacruz.org.br/



Giovanne di Pietro di Bernardone nasceu na cidade italiana de Assis, por volta dos anos de 1182. O pequeno garoto foi batizado, posteriormente, com o nome de Francisco, em homenagem à França - país onde seu pai comerciante costumava viajar para realizar grandes negócios.

Durante boa parte de sua juventude, Francisco viveu em meio ao luxo e agitada vida social, graças à riqueza e prosperidade do comércio de tecidos de seu pai. Na época em que Francisco viveu, a Igreja passava por momentos difíceis. Vivia mergulhada numa riqueza e poder muito grande, longe do Evangelho anunciado por Jesus Cristo. Era também uma época de guerras: da Igreja contra os muçulmanos, de cidade contra cidade, do Papa contra o imperador.

Por volta de seus vinte anos, o jovem alistou-se no Exército e lutou a favor dos pobres de Assis contra os nobres defendidos pela cidade vizinha de Perúgia, que saiu vitoriosa após o combate. 

Tempo de conversão de São Francisco

Foi nessa cidade que Francisco foi preso e, após um ano de encarceramento, viu-se humilhado e com a saúde bastante debilitada. Após meses de recuperação, o jovem sentiu-se diferente. Não mais sentia prazer nas festanças e banquetes da nobreza de Assis. Foi, então, enviado às Cruzadas.
No caminho de volta a Assis, sua vida mudou radicalmente. Diversos acontecimentos afirmaram a vocação de Francisco de servir Jesus e seu evangelho, e sua conversão gradual se iniciou. Dentre eles, nas ruínas da Igreja de São Damião, quando ouviu a imagem de Cristo dizer-lhe: “Francisco, restaure minha casa que está em ruínas”. Colocando logo em prática o pedido do Pai, Francisco reconstruiu três pequenas igrejas abandonadas: a de São Damião, a igrejinha da Porciúncula dedicada à Santa Maria dos Anjos e a de São Pedro. O dinheiro para reerguer os templos foi conseguido com a venda de peças de tecidos que Francisco roubou da loja de seu pai. Muitas vezes Francisco usava suas próprias mãos para erguer a igreja pedra por pedra, como no caso da Igreja de São Damião.

Francisco não havia entendido ainda que a Igreja que deveria restaurar não era a de pedra, mas a própria Igreja de Cristo, enfraquecida na época por diversas heresias e pelo apego de seus líderes às riquezas e ao poder.

Outro acontecimento que marcou sua vida, foi um encontro com um leproso. Naquela época, os leprosos eram expulsos da cidade, abandonados por suas famílias e fadados a sobreviver com uma doença sem cura e que julgava-se ser um castigo por pecados cometidos pelo doente. O primeiro impulso de Francisco ao avistar o leproso, foi o de fugir. Ele tinha verdadeira aversão aos leprosos antes de sua conversão. Ao invés de fugir, Francisco se aproximou do doente, dando-lhe esmola e um beijo, reconhecendo-o como um irmão. O que Francisco descobre com esse beijo? Descobre que Cristo não é belo e não se veste com mantos de ouro, mas é pobre e crucificado, como o leproso que ele acabara de beijar. E é esse Cristo que deve ser seguido e imitado. E foi o que Francisco fez desse momento em diante. A partir de então, despiu-se de todos os bens materiais e roupas, vestiu uma túnica e passou a se dedicar integralmente aos pobres e leprosos, como se fosse um deles.

Esse momento foi tão importante na transformação de Francisco que, ao final de sua vida, recordava: “Foi assim que o Senhor me concedeu a mim, Frei Francisco, iniciar uma vida de penitência: como eu estivesse em pecado, parecia-me por demais insuportável olhar para os leprosos. Mas o Senhor conduziu-me para o meio deles e eu tive misericórdia para com eles. E, ao afastar-me deles, justamente o que antes me parecia amargo converteu-se para mim em doçura da alma e do espírito”.

Seu pai, enfurecido com as atitudes do filho e temeroso de perder toda a sua fortuna com as doações e projetos de Francisco, deserdou seu filho perante o Bispo. Diante das acusações do pai, na frente do Bispo, e de todos, Francisco tirou as próprias vestes, e nu, as devolveu ao pai dizendo: "Daqui em diante tenho somente um pai, o pai nosso do céu! ".

O evangelho como forma de vida

Após ter renunciado à herança de seu pai, Francisco chegou a morar em uma leprosaria, onde cuidava dos doentes e tratava-lhes as feridas. Quando os franciscanos eram ainda uns poucos frades, o tempo de noviciado era exatamente isso: morar numa leprosaria e cuidar dos leprosos. Ainda hoje, se os franciscanos quiserem ser fiéis ao seguimento de Cristo vivido por Francisco, eles têm que se fazer essa pergunta: quais são os leprosos que têm que ser abraçados, curados, cuidados, beijados, hoje? Quem estiver disposto a seguir Cristo a exemplo de Francisco deve estar disposto a reconhecer e a abraçar Cristo nos doentes da AIDS, nos idosos abandonados, nos menores da rua, nos refugiados de guerra...

Francisco passou a falar da vida de Evangelho nos lugares públicos de Assis, pregando a Paz e a conversão, junto a outros irmãos que se uniram a ele. O primeiro foi Bernardo de Quintaval, um rico da nobreza de Assis que, orientado por seu amigo Francisco, dividiu toda a sua riqueza entre os pobres da cidade e passou a seguir o Evangelho de Cristo. O segundo a procurar Francisco para seguir-lhe, foi Pedro de Catânia, doutor em Direito. Comovido pelas atitudes dos jovens de doar todas as suas riquezas, o sacerdote Silvestre, lançou-se com eles na empreitada de seguir o Evangelho e tornou-se, assim, o primeiro sacerdote da Ordem Franciscana.

Em 1210, o Papa Inocêncio III oficializou a Fraternidade dos Irmãos Menores, fundada em 1208 por Francisco e seus primeiros seguidores, cujas diretrizes principais eram a humildade e a pobreza. Os frades ajudavam aos pobres e infermos e dedicavam suas vidas à oração, pregações e atividades missionárias.

Os irmãos Franciscanos


Alguns anos depois, uma jovem de origem nobre de Assis, chamada Clara, procurou Francisco para se unir aos frades. Foi criada, então, a Ordem das Clarissas ou Segunda Ordem Franciscana. Para todos que o procuraram, ele aconselhou a viver o Evangelho de acordo com estado de vida de cada um. Ele orientava as pessoas casadas a se recusar a tomar parte em qualquer guerra ou pegar em armas, ensinou-lhes a ter grande devoção para com o sacramento da eucaristia. Deveriam levar uma vida simples, cuidar dos mais fracos e repartir o fruto do seu trabalho. No início, eram chamados os “irmãos da penitência”. Mais tarde passaram a ser conhecidos como os “franciscanos seculares”, isto é, os franciscanos que vivem no século, no mundo. Foi criada a Terceira Ordem Franciscana, para os leigos que também queriam seguir os ensinamentos de Cristo.

No ano de 1226, São Francisco de Assis já estava debilitado e quase cego, depois de anos vivendo como peregrino pregando uma vida de pobreza e humildade ao lado de pobres e leprosos. Pouco antes de morrer, ele passou pela Igreja de São Damião para despedir-se de Clara e suas irmãs, mas acabou ficando ali, devido ao agravamento de seu estado de saúde. E foi numa choupana, no anoitecer do dia 3 de outubro de 1226, que Francisco morreu nu, como havia pedido para seus irmãos. Chegado o momento, mandou chamar para perto de si todos os irmãos presentes, exortou-os a amar a Deus de todo o coração e a manterem a fidelidade ao Evangelho e à Igreja.
Quase moribundo, Francisco compôs o Cântico das Criaturas que cantou minutos antes de morrer. Até o fim da vida queria ver o mundo inteiro louvar e exaltar o Criador de todas as coisas. Quase cego, sozinho numa palhota, em estado febril e atormentado pelos ratos, deixou para a humanidade este canto de amor ao Pai de toda a criação.

Dois anos antes de sua morte, São Francisco teve uma visão de Cristo crucificado e, em um momento de êxtase e dor, recebeu as chagas de Jesus em seu próprio corpo, durante período de oração e jejum no Monte Alverne. Foi canonizado em 1228 por Gregório IX e seu dia é comemorado em 4 de outubro.