sábado, 20 de novembro de 2010

Palestrante: A.S.A. Dada


ACHARYA SUVEDANANDA AVADHUTA (Dada), Monge das Philipinas encarregado do departamento da Ananda Marga na América do Sul (caminho de bem-aventurança), Condutor de Kiirtan e Meditação.

Ananda Marga, o Caminho da Bem-Aventurança, é uma Organização Internacional Espiritual e de Serviço Social fundada na Índia em 1955 por Shrii Shrii Anandamurti e conta com milhões de membros em todo o mundo.

Mediante as práticas oferecidas pela Ananda Marga, se desenvolve um excelente estado de saúde, grande força mental e poder de concentração, além de profunda paz e alegria no coração.

A Ananda Marga procura combinar práticas espirituais (meditação, posturas de Yoga, conduta moral e dieta natural adequada) com o serviço dinâmico ao próximo (escolas, clínicas médicas, orfanatos, cooperativas, asilos para idosos e outros projetos para o benefício da humanidade).

Os membros desta entidade procuram desenvolver-se em todos os aspectos da VIDA: físico, mental, moral, social e espiritual para assim contribuir para o melhoramento do planeta.

Seu lema é "Auto-realização e Serviço à Humanidade."

Contato:
Ananda Marga
Travessa Santa Leocádia, 30 - Copacabana
(21) 2255-5549

Palestrante: Alexandre M. Cabral

ALEXANDRE MARQUES CABRAL
Pastor Evangélico, Autor e Professor de Filosofia e Teologia, Doutorando em Filosofia na UERJ.

Contato:
ALXCBRL@yahoo.com.br

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Palestrante: Athamis Bárbara

Athamis Bárbara - Mulher Beija-flor do Clã do Pássaro Trovão. Iniciada na Tradição Ojibway com mestres ainda vivos, também recebe ensinamentos de seus ancestrais através de sonhos. Vive e tem prazer em levar as tradições antigas para o povo da cidade. Trabalha no Rio de Janeiro e em várias capitais brasileras e ministra cursos de formação sobre xamanismo na França e Bélgica há vários anos. Regularmente vai à America do Norte e América do Sul levar as técnicas ancestrais de cura, seja fazendo oficinas de tambores xamânicos, ensinando jornadas xamânicas através do som do tambor, resgatando almas ou fazendo workshops de danças sagradas. É lider de cerimônia e lidera rituais de passagem para homens e mulheres. Enriquece suas vivências com seus estudos socio-psicopedagógicos, arteterapêuticos e de formação de líderes.

Athamis Bárbara, 47 anos, pedagoga, casada, mãe de duas crianças, nasceu no Rio de Janeiro, mas foi criada no Amazonas. Durante anos, negou sua conexão com seus ancestrais que lhe apareciam em sonhos. Há 14 anos resolveu aceitar essa missão que lhe foi dada e, finalmente, passou a lembrar, primeiro a si mesmo, depois a outros, que somos mais felizes quando descobrimos nossa missão nesse planeta e o quanto nossos ancestrais, nossos aliados de poderes e a comunidade em geral nos podem no cumprimento dessas tarefas. Resgatando rituais ancestrais, hoje ministra aulas de danças ancestrais de diversos povos, facilita rituais de passagens para homens e mulheres e utiliza técnicas xamânicas para resgatar o que há de mais importante dentro de uma pessoa: a si mesmo.

Contato:
barbaratha@hotmail.com
http://athamis.blogspot.com/

Palestrante: Bernadeth Meneses

Bernadeth Meneses (Pombo) é professora e astróloga védica há 20 anos. Sendo nacional e internacionalmente conhecida, e tendo atendido milhares de clientes, Bernadeth Meneses continuamente realiza cursos de Astrologia Védica, Vastu-Shastra, Rasa-Shastra, Mitologia e Filosofia Védica, difundindo assim seus conhecimentos da cultura sem precedentes da Índia Antiga.

A Astrologia Védica é uma das ciências encontradas nos Vedas, as antigas escrituras sagradas da Índia. Conhecida como Jyotish, ou a "Ciência das Luzes", existente há mais de 5.000 anos (vide História). A Astrologia Védica é ainda hoje praticada na Índia e em outros países do Oriente. Grandes eruditos consideram-na o método astrológico de maior índice de precisão, tanto nas previsões quanto na análise dos eventos da vida. Por ter tido amplo desenvolvimento nos últimos 5.000 anos, a Astrologia Védica proporciona inúmeros benefícios àqueles que buscam orientação para suas vidas.

Através da Astrologia Védica, aprendemos, por um lado, a lidar com aspectos importantes de nossa vida, tais como saúde, amor, profissão, finanças, etc., e obtemos, por outro lado, uma visão clara e precisa de nosso caminho evolutivo espiritual. A Astrologia Védica tem como base a filosofia dos Vedas, corpo de conhecimento que trata dos sistemas de Yoga mediante os quais podemos transcender a Lei do Karma; por isso, possui o método mais autêntico de identificar nossas vidas passadas e orientar-nos para que possamos harmonizar nossos potenciais energéticos positivos e negativos.

Contato:
bernadeth@vedajyoti.com
http://www.vedajyoti.com
http://vedajyoti.blogspot.com

Palestrante: Fabiano Txanabane


Fabiano Txanabane.
Índio Curador Huni Kuin - Acre, Amazônia.
Filho do Cacique Siã Huni Kuin, neto do Pajé Sheimutu e do Cacique Sueiro.
Fabiano é um representante da cultura Huni Kuin no Brasil e no mundo.
Viajou para Europa seis vezes realizando palestras, shows, teatro, exposições de fotos e vídeo e rituais espirituais.

Contato:
kaxinawabane@bol.com.br

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Palestrante: Hari Govinda Prabhu


Hari Govinda Prabhu, nasceu em 17 de abril de 1964 no interior de São Paulo, desde muito cedo manifestou interesse por assuntos relacionados à espiritualidade.

No ano de 1980 depois de passar por vários caminhos e seguimentos filosóficos entrou em contato com o vaisnavismo (um ramo da cultura hinduísta) de Sri Chaitanya Mahaprabhu (profeta e místico do século xv), viveu como monge por seis anos recebendo treinamento no conhecimento das escrituras e rituais dos Vedas.

Em 1989 aceitou iniciação na linha de pensamento de Sri Chaitanya Mahaprabhu, então passando a propagar os divinos ensinamentos de seus Mestres por todo o território brasileiro.

Aceitou a sagrada ordem de dedicação (sannyasa) na Índia diretamente das mãos de Srila Govinda Maharaj (acharya do mosteiro Sri Chaitanya Saraswat Math), no final de 1997 na sagrada cidade de nascimento do próprio Sri Chaitanya Mahaprabhu. Viajou aos tirthas ou lugares sagrados como Navadwip, Vrindavan, Puri, Varanasi, Nepal e outras destacadas cidades de peregrinação .

Ao regressar ao ocidente concedeu conferencias na Universidade de Coimbra e Lisboa, visitou também comunidades de devotos por Venezuela, Colômbia, Isla Margarita, México, Itália, Espanha e Trinidad Tobago.

No Brasil tem criado grupos de estudos e praticas de Bhakti yoga por vários estados, iniciando devotos na arte do canto dos santos nomes de Deus e ministrando conferencias sobre os textos sagrados dos Vedas, Ramayana, Mahabharata, Upanishads, Vedanta, etc... dando continuidade no trabalho de alivio iniciado por Srila Bhakti Raksaka Sridhar Dev Goswami Maharaja.

No inicio de 2007 deixando suas responsabilidades como sannyasi missionário aceitou matrimonio com Devi Shakti e juntos estão desenvolvendo as atividades devocionais, entre elas o místico oráculo Taro Védico, terapia Shiva Shakti e a terapia hotri.

Contato:
Ramadas@hotmail.com
(21) 8667-8368 / 3576-5856

Palestrante: Philippe B. de Mello



Philippe Bandeira de Mello é Psicólogo Junguiano e Transpessoal, possuindo formação em Terapia de Vidas Passsadas com Roger Woolger. Foi Diretor Técnico e Supervisor da Casa das Palmeiras, clínica psiquiátrica fundada pela Dra Nise da Silveira. Espiritualista, foi fundador e orientador da Barquinha no Rio de Janeiro. Também fundou e orienta atualmente o Círculo Holístico Arca da Montanha Azul - Espaço Ecumênico de investigação, diálogo e convívio entre diferentes Tradições Sagradas.

Contato:
philippebandeirademello@yahoo.com
http://philippebandeira.blogspot.com/

Palestrante: Sílvia Rocha


Sílvia Rocha 

Psicóloga Transpessoal (crp.05/21756), pós graduada em Psicologia Junguiana (IBMR), percorre o caminho vermelho há 10 anos, tendo sido iniciada na tradição Huni Kuin como Ayani Makuani do Banu Bakê e na tradição Odjibway como Mulher da Estrela Corvo (Raven Star Woman) do Clã da tartaruga.

Há cinco anos e meio coordenando o círculo da lua nova!

Contato: psi.silviarocha@terra.com.br
http://circulodaluanova.blogspot.com

Círculo da Lua Nova
Espiritualidade Feminina
Xamanismo
“Somos mulheres que honram o Sagrado Feminino, ritualizando os ciclos da natureza, vivendo os mitos, através de danças, cantos, oráculos, compartilhares e trabalhos de cura, assim como faziam nossas ancestrais nativas na Tenda da Lua. Nosso círculo acontece numa casa construída em harmonia com a natureza, com a floresta da tijuca nos abraçando. Fazemos fogueira em espaço aberto ou nos reunimos no interior da casa quando chove. Se você sente este chamado Seja Bem Vinda!” - Sílvia Rocha

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Palavras Inspiradas

Palavras recebidas durante um ritual da Arca, Novembro 2010:

    O Tempo agora é de buscar paz no mundo, dá mãos aos irmãos, à natureza, à pacha-mama. Acabar com o ódio que está destruindo família, casal, planeta, o planeta terra está chorando com a atitude de seus filhos. Está jorrando sangue. E a paz só vai começar quando cada filho seu olhar para dentro de si mesmo, mergulhar fundo dentro do seu interior, no lugar onde não existe mais nada só um oceano translúcido de amor, e neste fundo está Deus que é você também. Temos que modificar a forma pensamento e parar de pensar no ódio porque em troca de pensar no ódio só vem mais ódio, pensar na guerra e falar da guerra é o mesmo que apontar uma arma ao seu irmão. O pensar começo no pensamento da paz que gera mais paz, pensar no amor que gera mais amor em uma corrente úni´ca de irmandade. A mãe terra chora, o pai celestial chora, mas não é o fim é o começo de uma nova consciência que pode mudar tudo em direção ao amor, ao recomeço!

    De que adianta pedir graças? Para que adianta rezar lindas orações se não fazemos parte na terra. O amor ao próximo deve ser destinado a próximo e chagar até ele. E esse amor deve ser doado a cada dia, cada ato, cada pensamento em forma de sorrisos, palavra amiga, gesto acolhedor e principalmente caridade! Caridade é o único ato que nos aproxima diretamente de Deus, sem fazer curvas, sem atalhos. Encontro direto com Deus. Mas tem que ser caridade vinda do fundo de dentro deste oceano translúcido de amor. Sem esperar nada em troca, sem pedir nada em troca. Amar não é fazer barganha. Não há barganha para Deus. Ele pode nos ver até o fundo do nosso íntimo porque para ele somos transparentes. E é transparência que ele espera de seus filhos. A oração não deve ser casual em um momento de tristeza, de desespero. Oração deve ser um estado permanente em nossa vida só assim poderá chegar a paz!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Palestra 17-10-10, 15hs: Psicologia na Floresta - seus Símbolos e Mitos

Palestra: Psicologia na Floresta- seus Símbolos e Mitos.
Philippe Bandeira de Mello.
Domingo, 17 de Outubro, 2010, 15hs
Arca da Montanha Azul
Rua Alice 1447 casa 101 - Laranjeiras - RJ
Contribuição: R$25
Contribuição inclui: Palestra e Shows: Banda da Arca, Nena Natal, Fernando Neder e o Coral Orgânico d'AMMOR. 
Lanche vegetariano e integral à parte.

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Philippe Bandeira de Mello é Psicólogo Junguiano e Transpessoal, possuindo formação em Terapia de Vidas Passsadas com Roger Woolger. Foi Diretor Técnico e Supervisor da Casa das Palmeiras, clínica psiquiátrica fundada pela Dra Nise da Silveira. Espiritualista, foi fundador e orientador da Barquinha no Rio de Janeiro. Também fundou e orienta atualmente o Círculo Holístico Arca da Montanha Azul - Espaço Ecumênico de investigação, diálogo e convívio entre diferentes Tradições Sagradas.

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"Psicologia na Floresta- seus Símbolos e Mitos"

Não nos admiremos do fato de que, quando vamos estudar os sonhos, contos, mitos e as lendas folclóricas, nos deparamos uma equação constante de a Floresta representar o imenso manancial de potencialidades latentes escondidos por detrás de nossa realidade psicológica e imaginária.

Mais uma vez, percebemos que a maneira como vamos interpretar tais experiências tem repercussões incalculáveis nas práticas clínicas e pedagógicas, que são derivadas de uma limitada visão da psique. Ao ampliarmos nossa visão, teremos novas chances de aprimorar nossas práticas e as políticas públicas dela derivadas.

“Eis aquilo em que creio: que eu sou eu. Que minha alma é uma floresta sombria. Que o que eu conheço é apenas uma pequena clareira na floresta." D. H. Lawrence

Psicologia na Floresta - seus Símbolos e Mitos por Philippe Bandeira de Mello

                                                         PSICOLOGIA NA FLORESTA
                                                          SEUS SÍMBOLOS E MITOS
                 
                                                            Philippe Bandeira de Mello
    
Ao principiarmos estas reflexões recordamos o dito de Jung: “Muita coisa só se torna inconsciente porque nossa concepção do mundo não lhe dá espaço, porque nossa educação e formação jamais lhe deram estímulo e, se alguma vez apareceu no consciente como eventual fantasia, foi imediatamente reprimida. Os limites entre consciente e inconsciente são em grande parte determinados por nossa cosmovisão.” Isso significa que nossa visão de mundo é seletiva, parcial e, portanto, excludente. Na perspectiva de Jung, o que foi excluído, o manancial do inconsciente, é muito mais do que imaginamos: não é apenas material reprimido. O seu alcance é muito maior do que supomos.
   
Iniciaremos nosso percurso recordando o credo de D. H. Lawrence:
     “Eis aquilo em que creio, diz ele:
      -Que eu sou eu.
      -Que minha alma é uma floresta sombria.
      -Que o que eu conheço é apenas uma pequena clareira na floresta.
      -Que deuses, estranhos deuses, vão da floresta para a clareira do eu conhecido, e depois se afastam.
      -Que devo ter coragem de deixá-los ir e vir.
      -Que não deixarei jamais o meu pequeno ego me dominar, mas sempre tentarei reconhecer os deuses que estão em mim e a eles me submeter, assim como àqueles que estão em outros homens e outras mulheres.”
  
 A psicologia junguiana desemboca em uma perspectiva acerca da alma humana e da relação entre o consciente e o inconsciente, que estão perfeitamente expressas neste credo do famoso autor. Não nos admiremos do fato de que, quando vamos estudar os sonhos, contos e lendas folclóricos e os mitos, nos deparamos uma equação constante de a Floresta representar o imenso manancial de tesouros arquetípicos, de potencialidades latentes, de fatores poderosamente influentes em nossas vidas, escondidos por detrás de nossa realidade psicológica e imaginária, de recursos desconhecidos ou olvidados que constituem, não somente um continente inexplorado como uma fonte dotada de inimaginável quantidade de dados preciosos para melhorar nossa qualidade de vida, como também decisivo de ser conhecido para a solução dos graves problemas que atravessa a humanidade em nossos dias: o desmatamento, a poluição, degradação ambiental a dilapidação dos recursos do planeta, sem falar nas guerras, corrupção, distúrbios e violência social, lixo, poluição e devastação psicológicos, que se apresentam de diversas formas, culminando nas dificuldades de promoção da paz e cooperação, em mais larga escala, pela fragmentação do saber, e pela exclusão das dimensões planetárias, transpessoais e espirituais da psique humana.
   
Conforme nos esclarece Edgar Morin: “Há inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre os saberes separados, fragmentados, compartimentados entre disciplinas, e, por outro lado, realidades ou problemas cada vez mais polidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais, globais, planetários.” Continua ele, fazendo agudo diagnóstico de uma dramática situação da modernidade: “O enfraquecimento de uma percepção global leva ao enfraquecimento do senso de responsabilidade- cada um tende a ser responsável apenas por sua tarefa especializada- , bem como ao enfraquecimento da solidariedade- ninguém mais preserva seu elo orgânico com a cidade e seus concidadãos.” Ao diagnóstico realizado por ele nosso estudo apresenta alguns caminhos e soluções. 
   
Encontramos diferentes abordagens e leituras, possivelmente complementares acerca de como poderemos interpretar esta “floresta” interior, psicológica, que urge decifrar para nos auxiliar em nossa relação com a floresta exterior, o mundo que nos cerca.
  
Temos uma primeira versão que nos exorta a vermos a floresta, com seus símbolos e mitos, como dimensão ancestral, regressiva, pré-lógica, irracional, formulada com conceitos diretamente inspirados pelas percepções mais imediatas, “mágicas”, isto é, supersticiosas, da realidade. Baseiam-se em um pensamento primitivo, “selvagem”, ou regido pelo processo primário, por dimensões arcaicas e/ou infantis da psique. Esta interpretação gera sérias e profundas conseqüências: Associada à arrogância da perspectiva racionalista moderna fundada no antigo paradigma newtoniano-cartesiano, entre equivocadas interpretações etnocêntricas das religiões, das culturas antigas e dos saberes ancestrais em geral, estende, inclusive, o tom depreciativo geral até mesmo às terapias complementares, medicinas tradicionais/populares ou paralelas, como as designa o etnopsiquiatra François Laplantine. Ora, mais uma vez como ocorre em outras esferas da Psicologia, isso presta um desserviço ao entendimento dos fundamentos e do valor inapreciável dos saberes antigos das florestas, dos conhecimentos ancestrais guardados pelos pajés, caboclos, benzedeiras, etc., com toda a fundamentação científica ainda não desvendada que está por detrás da eficácia desses saberes.
   
Mais uma vez, percebemos que a maneira como vamos interpretar tais experiências tem repercussão incalculável nas práticas clínicas e pedagógicas, que são derivadas de uma limitada visão da psique. Ao ampliarmos nossa visão, teremos novas chances de aprimorar nossas práticas e as políticas públicas dela derivadas.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A Arca e o arquétipo de Grande Mãe

A Arca e o arquétipo da Grande Mãe

Dentre as inúmeras missões especiais da Arca no alvorecer do III Milênio, a mais recente está em perfeita sintonia com a chegada da Nova Era no sentido do resgate do Sagrado Feminino. Durante uma meditação acerca da postura patriarcal e até machista de muitas Instituições religiosas tive a visão do surgimento de um exército, uma legião de mulheres sábias-guerreiras, que têm a incumbência de guiar os homens no caminho da religação com Deus, para a Terra Prometida.

Desde então fizemos reformulações na estrutura e funcionamento da Arca (já uma Escola Espiritual que se alicerça no ministério da casal) para ressaltar ainda mais o papel  das mulheres, nas lideranças, nos exemplos a serem seguidos, na tônica a ser dada em algumas funções onde os arquétipos  do Feminino e  da Mãe são essenciais e mesmo indispensáveis.

Francis, nosso dedicado devoto arquense, vivenciou e formulou de maneira bela e sensível este mistério em sua “Carta as Zeladoras”.

Carta as Zeladoras
Por Francis Juliati

Caríssimas Irmãs,  primeiramente, quero explicar o significado do termo que empregarei ao me referir a todas vocês nesta carta. “Mataji” é uma palavra sânscrita que quer dizer “Mamãezinha”. E isso é o que todas vocês são desta linda missão, portanto, rejubilem-se. Deus quer gerar no coração de cada uma de vocês a Arca da Montanha Azul.

Matajis, vocês são as sacerdotisas do Fogo Sagrado, a personificação da Grande Mãe que com Amor imensurável está em todo universo. É tempo de vocês deixarem a Deusa falar a nós seus filhinhos. Por favor, ensina-nos, guia-nos nesta Era de Aquário, os filhos precisam de suas Mães firmes ao seu lado para atravessarem a escuridão.

Ó Matajis, estamos mui necessitados de aprender a exercer todas as qualidades maternais, silêncio oportuno, compreensão, afeto, zelo, esperança, constância no perdão, receptividade e muitas outras que vocês ostentam como jóias resplandecentes.

A missão de nossa Casa é árdua, mas, que os seus testemunhos de amor sejam flores fragrantes no caminho, precisamos do leite materno, para podermos nos fortalecer para receber alimento espiritual sólido. Só vocês Matajis poderão nos dar luz para o mundo espiritual.

Ergam-se Matajis recoloquem suas coroas de 12 estrelas, vistam-se de sol, calcem a lua, é tempo de reinar, confiem na Mãe Divina, esqueçam o medo. Todo o tempo de silêncio semeou muitas sementes e este é o tempo da colheita.

Que a força da Virgem Maria, Pachamama, Coatlicue, Yemanjá, Dürga, Kuan Yin, Ísis, Deméter, Hécate, Mayahuel, Tara, Saraswati, Bhumi, Laksmi e todas as personificações do Sagrado Feminino despertem em seus corações.

Com amor e eterna servidão do mais caído filhinho.

Francis Juliati.


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

São Francisco de Assis - II

São Francisco de Assis; o lado místico do irmão de Assis.
Por Francis Juliati

São Francisco sem duvida é o ser humano canonizado pela igreja católica mais popular que já existiu. Um romantismo um tanto quanto acentuado cerca a pessoa deste tão nobre homem. Quem já viu o filme Irmão Sol, Irmã Lua, pode ter certa noção disso. São Francisco é visto por muitos como um “riponga medieval” protetor dos animais, que falava com plantas e bichos e que igual a muitos jovens abandonou a casa dos pais em busca de um ideal.
Mas as pessoas que se interessam por espiritualidade devem se desprender dessa visão e buscar conhecer a grande vida mística do Santo de Assis. São Francisco tivera experiências místicas muito fortes e uma vida totalmente em comunhão com o Divino. Ele conseguiu viver em conformidade com os ensinamentos espirituais de várias tradições devido a vivencia diária do amor.
O Sri Isopanisad diz:

Yas tu sarvani bhutany
Atmany evanupasyati
Sarva-bhutesu catmanam
Tato na vijugupsate

“Aquele que vê que tudo está relacionado com o Senhor Supremo, que vê que todas as entidades vivas são suas partes integrantes, e que vê que o Senhor Supremo está dentro de tudo, não odeia nada nem ninguém.”
Sri Isopanisad Mantra Seis.

São Francisco tinha essa visão, por isso, era todo amor para com todos os seres vivos. As pessoas visam muito o lado filantrópico de São Francisco, mas, se esquecem que tudo isso era fruto de uma vida mística no sentido mais profundo da palavra. Ele era um homem totalmente “intoxicado” por Deus, longos eram seus períodos de êxtase em contemplação ao Divino dentro de matas e cavernas. E isso resultava em uma explosão de amor por todos os seres vivos, ele não via a cor, credo, classe social somente via Deus “O Amado” em todos.
Nós que somos admiradores da vida de São Francisco, não podemos esquecer de em qual rocha ela foi talhada.
A vida mística de São Francisco de Assis é desconhecida para maioria de seus admiradores. Talvez possa até ser um tanto quanto desinteressante, para os que estão acostumados com os quadros que retratam um Francisco dançando em meio aos passarinhos.
A Igreja diz que ele foi o homem que mais se assemelhou ao Cristo, e ele não nasceu assim. Pensem naqueles jovens boêmios que viram noites e mais noites na balada, assim era Francesco di Bernadone.
E para nascer o mundialmente conhecido Francisco de Assis o outro falso teve que morrer. São Francisco teve que passar por processos muito difíceis, para quebrantar seu ego, teve que sofrer muitos baques para perceber a efemeridade das coisas deste mundo, enfrentar seus maiores questionamentos, a solidão, a incompreensão. Ele passou por uma intensa jornada de autoconhecimento para enfim conhecer o Amado de sua alma.
São Francisco teve decisão, manteve-se firme, entrou em uma estrada sinuosa, mas seguiu firme, pois queria saber o que havia no final dessa estrada.  
Ele viveu a espiritualidade do amor esponsal, aonde a alma se identifica como esposa do Cristo e é desposada no patíbulo da Cruz. A esposa não é senão um só corpo com o esposo e compartilha todas as coisas com ele. Então uma alma esposada do Cristo vive como Ele, trilha seus caminhos e cumpre a mesma missão. São Francisco recebeu em seu corpo as marcas da crucifixão de Cristo, como sinais de sua união mística com o Divino. Ele foi estigmatizado após uma noite escura, enquanto fazia sua quaresma em honra a São Miguel Arcanjo no alto do monte Alverne, suas mãos, pés e seu lado foram perfurados pelos raios de um Serafim flamejante.
O santo de Assis assumiu o ideal do Cristo para sua vida e manteve-se firme até o fim, tendo o amor como sua lei áurea.
Os escritos de seus contemporâneos retratam muitos acontecimentos místicos que por sua entrega ocorreram. Certa vez, foi revelado a um de seus companheiros que havia um trono muito esplendoroso reservado a São Francisco no mundo celestial, por isso, os franciscanos o chamam de Pai Seráfico. Nos estudos sobre os anjos explica-se que os Serafins são os seres da mais alta hierarquia angélica, eles estão todo o tempo diante da face de Deus.
Assim como Avalokitesvara, boddhisattva da compaixão, São Francisco assiste as esferas de sofrimento, ou o purgatório na tradição católica, com o auxilio da Virgem Maria. Do mesmo modo Avalokitesvara possui o auxilio de Tara. 
O celebre episódio no qual São Francisco convida os pássaros para cantarem as glórias de Deus é muito semelhante ao que ocorre com Sri Caitanya Mahaprabhu, uma das encarnações de Krishna, quando este convida todos os animais da floresta para cantarem os Santos Nomes.
Como podemos ver São Francisco é um ser que ultrapassa qualquer restrição doutrinal e que perfeitamente pode ser aceito por qualquer tradição religiosa, por que se assemelhou totalmente com o Cristo em sua origem.

Então se temos o desejo de um mundo melhor, busquemos o exemplo de São Francisco e sejamos decididos. Busquemos o autoconhecimento, abandonemos o que tiver que ser abandonado, amemos uns aos outros e nos entreguemos à transformação.

“Francisco o mundo tem saudades de Ti”
Papa João Paulo II

terça-feira, 21 de setembro de 2010

São Francisco de Assis - I

SÃO FRANCISCO DE ASSIS


Durante o período de 01 de setembro a 04 de outubro é realizado a Romaria de São Francisco, nas Igrejas da Barquinha. Honrando essa tradição a Arca da Montanha Azul também realiza nesse período trabalhos em agradecimento a São Francisco por suas benções.


Abaixo uma pequena biografia desse Santo, retirada do site http://www.franciscanossantacruz.org.br/



Giovanne di Pietro di Bernardone nasceu na cidade italiana de Assis, por volta dos anos de 1182. O pequeno garoto foi batizado, posteriormente, com o nome de Francisco, em homenagem à França - país onde seu pai comerciante costumava viajar para realizar grandes negócios.

Durante boa parte de sua juventude, Francisco viveu em meio ao luxo e agitada vida social, graças à riqueza e prosperidade do comércio de tecidos de seu pai. Na época em que Francisco viveu, a Igreja passava por momentos difíceis. Vivia mergulhada numa riqueza e poder muito grande, longe do Evangelho anunciado por Jesus Cristo. Era também uma época de guerras: da Igreja contra os muçulmanos, de cidade contra cidade, do Papa contra o imperador.

Por volta de seus vinte anos, o jovem alistou-se no Exército e lutou a favor dos pobres de Assis contra os nobres defendidos pela cidade vizinha de Perúgia, que saiu vitoriosa após o combate. 

Tempo de conversão de São Francisco

Foi nessa cidade que Francisco foi preso e, após um ano de encarceramento, viu-se humilhado e com a saúde bastante debilitada. Após meses de recuperação, o jovem sentiu-se diferente. Não mais sentia prazer nas festanças e banquetes da nobreza de Assis. Foi, então, enviado às Cruzadas.
No caminho de volta a Assis, sua vida mudou radicalmente. Diversos acontecimentos afirmaram a vocação de Francisco de servir Jesus e seu evangelho, e sua conversão gradual se iniciou. Dentre eles, nas ruínas da Igreja de São Damião, quando ouviu a imagem de Cristo dizer-lhe: “Francisco, restaure minha casa que está em ruínas”. Colocando logo em prática o pedido do Pai, Francisco reconstruiu três pequenas igrejas abandonadas: a de São Damião, a igrejinha da Porciúncula dedicada à Santa Maria dos Anjos e a de São Pedro. O dinheiro para reerguer os templos foi conseguido com a venda de peças de tecidos que Francisco roubou da loja de seu pai. Muitas vezes Francisco usava suas próprias mãos para erguer a igreja pedra por pedra, como no caso da Igreja de São Damião.

Francisco não havia entendido ainda que a Igreja que deveria restaurar não era a de pedra, mas a própria Igreja de Cristo, enfraquecida na época por diversas heresias e pelo apego de seus líderes às riquezas e ao poder.

Outro acontecimento que marcou sua vida, foi um encontro com um leproso. Naquela época, os leprosos eram expulsos da cidade, abandonados por suas famílias e fadados a sobreviver com uma doença sem cura e que julgava-se ser um castigo por pecados cometidos pelo doente. O primeiro impulso de Francisco ao avistar o leproso, foi o de fugir. Ele tinha verdadeira aversão aos leprosos antes de sua conversão. Ao invés de fugir, Francisco se aproximou do doente, dando-lhe esmola e um beijo, reconhecendo-o como um irmão. O que Francisco descobre com esse beijo? Descobre que Cristo não é belo e não se veste com mantos de ouro, mas é pobre e crucificado, como o leproso que ele acabara de beijar. E é esse Cristo que deve ser seguido e imitado. E foi o que Francisco fez desse momento em diante. A partir de então, despiu-se de todos os bens materiais e roupas, vestiu uma túnica e passou a se dedicar integralmente aos pobres e leprosos, como se fosse um deles.

Esse momento foi tão importante na transformação de Francisco que, ao final de sua vida, recordava: “Foi assim que o Senhor me concedeu a mim, Frei Francisco, iniciar uma vida de penitência: como eu estivesse em pecado, parecia-me por demais insuportável olhar para os leprosos. Mas o Senhor conduziu-me para o meio deles e eu tive misericórdia para com eles. E, ao afastar-me deles, justamente o que antes me parecia amargo converteu-se para mim em doçura da alma e do espírito”.

Seu pai, enfurecido com as atitudes do filho e temeroso de perder toda a sua fortuna com as doações e projetos de Francisco, deserdou seu filho perante o Bispo. Diante das acusações do pai, na frente do Bispo, e de todos, Francisco tirou as próprias vestes, e nu, as devolveu ao pai dizendo: "Daqui em diante tenho somente um pai, o pai nosso do céu! ".

O evangelho como forma de vida

Após ter renunciado à herança de seu pai, Francisco chegou a morar em uma leprosaria, onde cuidava dos doentes e tratava-lhes as feridas. Quando os franciscanos eram ainda uns poucos frades, o tempo de noviciado era exatamente isso: morar numa leprosaria e cuidar dos leprosos. Ainda hoje, se os franciscanos quiserem ser fiéis ao seguimento de Cristo vivido por Francisco, eles têm que se fazer essa pergunta: quais são os leprosos que têm que ser abraçados, curados, cuidados, beijados, hoje? Quem estiver disposto a seguir Cristo a exemplo de Francisco deve estar disposto a reconhecer e a abraçar Cristo nos doentes da AIDS, nos idosos abandonados, nos menores da rua, nos refugiados de guerra...

Francisco passou a falar da vida de Evangelho nos lugares públicos de Assis, pregando a Paz e a conversão, junto a outros irmãos que se uniram a ele. O primeiro foi Bernardo de Quintaval, um rico da nobreza de Assis que, orientado por seu amigo Francisco, dividiu toda a sua riqueza entre os pobres da cidade e passou a seguir o Evangelho de Cristo. O segundo a procurar Francisco para seguir-lhe, foi Pedro de Catânia, doutor em Direito. Comovido pelas atitudes dos jovens de doar todas as suas riquezas, o sacerdote Silvestre, lançou-se com eles na empreitada de seguir o Evangelho e tornou-se, assim, o primeiro sacerdote da Ordem Franciscana.

Em 1210, o Papa Inocêncio III oficializou a Fraternidade dos Irmãos Menores, fundada em 1208 por Francisco e seus primeiros seguidores, cujas diretrizes principais eram a humildade e a pobreza. Os frades ajudavam aos pobres e infermos e dedicavam suas vidas à oração, pregações e atividades missionárias.

Os irmãos Franciscanos


Alguns anos depois, uma jovem de origem nobre de Assis, chamada Clara, procurou Francisco para se unir aos frades. Foi criada, então, a Ordem das Clarissas ou Segunda Ordem Franciscana. Para todos que o procuraram, ele aconselhou a viver o Evangelho de acordo com estado de vida de cada um. Ele orientava as pessoas casadas a se recusar a tomar parte em qualquer guerra ou pegar em armas, ensinou-lhes a ter grande devoção para com o sacramento da eucaristia. Deveriam levar uma vida simples, cuidar dos mais fracos e repartir o fruto do seu trabalho. No início, eram chamados os “irmãos da penitência”. Mais tarde passaram a ser conhecidos como os “franciscanos seculares”, isto é, os franciscanos que vivem no século, no mundo. Foi criada a Terceira Ordem Franciscana, para os leigos que também queriam seguir os ensinamentos de Cristo.

No ano de 1226, São Francisco de Assis já estava debilitado e quase cego, depois de anos vivendo como peregrino pregando uma vida de pobreza e humildade ao lado de pobres e leprosos. Pouco antes de morrer, ele passou pela Igreja de São Damião para despedir-se de Clara e suas irmãs, mas acabou ficando ali, devido ao agravamento de seu estado de saúde. E foi numa choupana, no anoitecer do dia 3 de outubro de 1226, que Francisco morreu nu, como havia pedido para seus irmãos. Chegado o momento, mandou chamar para perto de si todos os irmãos presentes, exortou-os a amar a Deus de todo o coração e a manterem a fidelidade ao Evangelho e à Igreja.
Quase moribundo, Francisco compôs o Cântico das Criaturas que cantou minutos antes de morrer. Até o fim da vida queria ver o mundo inteiro louvar e exaltar o Criador de todas as coisas. Quase cego, sozinho numa palhota, em estado febril e atormentado pelos ratos, deixou para a humanidade este canto de amor ao Pai de toda a criação.

Dois anos antes de sua morte, São Francisco teve uma visão de Cristo crucificado e, em um momento de êxtase e dor, recebeu as chagas de Jesus em seu próprio corpo, durante período de oração e jejum no Monte Alverne. Foi canonizado em 1228 por Gregório IX e seu dia é comemorado em 4 de outubro.

terça-feira, 6 de julho de 2010

CÍRCULO HOLÍSTICO ARCA DA MONTANHA AZUL





Para uma Transreligiosidade sem fronteiras
Uma nova tecnologia de Trabalho com Plantas Sagradas

“Um amor universal: não apenas é uma coisa psicologicamente possível; mais ainda: trata-se do único modo final e definitivo, pelo qual podemos amar.”
Teilhard de Chardin

“Grande Mistério, ensina-me a honrar
As leis do Espaço Sagrado,
Os costumes e Tradições,
De todos os credos e raças.
Grande Mistério, ensina-me a desenvolver
Os talentos que possuo
E a me comportar com respeito
Na casa dos outros.
Grande Mistério, ensina a criança que há em mim
A aceitar com graça
A parte do Mistério Sagrado
Encontrado em todos os espaços.”
Jamie Sams


“A Fonte do Ser”
“Permite que a Fonte do Ser mantenha o contato contigo: ignora as impressões e as opiniões do teu eu ordinário. Se este eu te fosse de valor em tua busca, haveria encontrado a realização para ti. Porém tudo o que pode fazer é depender dos outros.”
Amin Suhrawardi


Um dos principais alimentos para a crise existencial/ perceptual/ ética/ religiosa, que acontece no mundo de hoje, decorre da Babel espiritual e intelectual em que se encontra o homem moderno. Se o objetivo universal é um mundo melhor por que não cingirmos uma cruzada a favor da Paz sem fronteiras? Imaginemos a força que teríamos se, todos os religiosos do mundo, nos déssemos as mãos em torno das questões que, em verdade, são universais e as mesmas para todos nós.
Ora se digo buscar a paz, mas falo mal do caminho espiritual do meu próximo, considerando-o equivocado, “primitivo”, “rival” ou “do demônio”, etc., na prática não estou trabalhando pela Paz mas pela desunião, e fortaleço o fantasma da injustiça e desigualdade entre os Filhos de Deus. Assim se trabalha pela competição, destruição e pela guerra.
Nos ensina o beneditino, doutor em Teologia, Anselm Grun, acerca da sabedoria dos padres do deserto: “(...) Sim, para os monges, o não-julgar era um critério para o caminho certo. Pois quem julga os outros ainda não aprendeu a conhecer-se realmente. Hoje em dia, existem muitos movimentos piedosos que vivem as custas dos outros. Eles se definem na medida que ficam rebaixando e ultrajando os outros. Quando alguém tem necessidade de amaldiçoar os homens por seguirem um outro caminho espiritual, isso será sempre um sinal de que seu caminho não é correto. Sua maldição revela o demônio no próprio coração, realidade, porém, que ele não admite. Nestas horas ele recalca e projeta este demônio sobre os outros”.
Agindo assim acabamos alimentando a estreita visão de que “minha religião é a melhor e única”, não percebendo a óbvia realidade de que todos temos a aprender com todos, pois Deus revelou-Se a inúmeros povos e culturas de todos os tempos sob diferentes formas e linguagens.
Conhecer outras maneiras de compreender e contatar Deus encontradas em religiões diversas da que abraçamos, pode nos auxiliar a enriquecer nossa concepção própria da religação, nos fornecendo chaves importantes para ampliar e aprofundar a vida espiritual dentro do caminho que escolhemos. Tenho atestado este fato em minhas pesquisas e experiência com estados não-ordinários de consciência.
Conforme nos mostra o mestre Jalaludin Rumi “(...) prestar atenção apenas em nomes e formas exteriores, e não no espírito e na essência da religião, leva ao erro e à desilusão.” Ele ilustra esta tese através da seguinte anedota:
“Quatro pessoas, um persa, um árabe, um turco e um grego estavam viajando juntas e receberam um dinar de presente. O persa disse que com isso ia comprar “angur”, o àrabe disse que compraria “inab”, enquanto o turco e o grego eram a favor de comprar “usum” e “astafil” respectivamente. Ora, todas essas palavras significam a mesma coisa, a saber, “uvas”; mas, devido à ignorância que cada um tinha da língua dos demais, imaginaram que queriam comprar coisas diferentes, e assim levantou-se uma violenta discussão entre eles. Por fim, um sábio que conhecia todas as suas línguas apareceu e explicou a eles que todos desejavam a mesma coisa.”
Na Arca procuramos auxiliar os membros a falarem diversas “línguas” a fim de que, por amor e na luta pela paz e o entendimento, possam se comunicar e se entrosar com irmãos de outras tradições e credos buscando irmanar-se com eles.

Conforme o poema do mestre sufi, Ibn ‘Arabî:
“Meu coração tornou-se capaz de todas as formas:
É pasto para as gazelas e mosteiro para monges cristãos,
E templo para ídolos e a Caaba do peregrino muçulmano,
E as tábuas do Torá e o livro do Alcorão.
Eu sigo a religião do Amor: qualquer direção Que tomarem os camelos do Amor,
Lá está minha religião e minha fé.”

No espantosamente atual livro atribuído a Lao-Tsu, o “Hua Hu Ching”, encontramos um diálogo sumamente esclarecedor acerca da questão do apego às formas exteriores das Religiões:
“Venerável Mestre, quais são as características de alguém que amadureceu espiritualmente?”
“Gentil príncipe, a pessoa espiritualmente amadurecida não segue uma religião dualista. A maioria das pessoas reverencia a descendência, ao passo que quem é maduro espiritualmente acolhe a Fonte e jamais se torna escravo de nenhum movimento social ou religioso. Ele considera o mundo como sua família e aceita todas as pessoas como seus irmãos e irmãs. Presta seu serviço a todos e não espera recompensa. Foi além de todos os obstáculos relativos à percepção e consegue enxergar através de todos os variados nomes que criam discriminação e hostilidade; entretanto, respeita a variedade natural e as diferenças, além de tratar todas as coisas como iguais entre si.”
Jung nos recorda que apesar de as religiões se fundarem em bases eternas, arquetípicas, suas roupagens rendem tributo ao temporal e efêmero, necessitando portanto, de constante revivificação e de se refundirem em novas formas. Seguimos aí o dito de Jesus onde, o “Vinho Novo” da experiência viva e renovada, da revelação direta, necessita de “Novos Odres”, novas formulações, para permanecer vital e atual.
Paul Tilich nos recomenda que não deve cessar entre nós a luta por libertar as profundezas essenciais da religião das distorções que provém de suas particularidades: ”Portanto, ao dialogar com outras religiões, não podemos tentar sua conversão; pelo contrário, devemos tentar dirigir as outras religiões às suas próprias profundezas, até aquele ponto em que percebam que são testemunhas do Absoluto, não elas próprias o Absoluto.” Complementa Anna Lemkow: “Uma religião é tanto mais verdadeira quanto mais apontar além de si mesma para aquilo do qual é testemunha e manifestação parcial. No encontro com outras religiões, o objetivo desejável é a penetração mútua até aquele ponto no qual a visão do próprio sagrado nos libera da servidão a quaisquer das manifestações particulares do sagrado.”
Hermann Hesse descreve uma “Porta Estreita” que algumas almas tocadas pelo universalismo experienciaram em diversos tempos e lugares:
“Evito desorientar os adeptos de uma Igreja ou comunidade religiosa em sua crença. Para a maioria das pessoas, é muito bom pertencer a uma Igreja e a uma crença. Aqueles que dela se separam enfrentam logo em seguida uma solidão e muitos passam novamente a suspirar pela comunidade anterior. Só no fim do caminho descobrirão que entraram numa nova comunidade, grande mas invisível, que abrange todos os povos e todas as religiões. Ficarão mais pobres de tudo que é dogmático e nacional, e mais ricos através da irmanação com os espíritos de todos os tempos e de todas as nações e línguas.”
Este estado de consciência espiritual é magistralmente descrito pelo grande mestre Jalal ud-Din Rumi (Nota- Uma destas grandes almas tocadas pelo Amor universal. No seu funeral estavam judeus, cristãos e muçulmanos reunidos) em um poema místico intitulado “O que não sou”:

“Que devo fazer, ó muçulmanos,
se já não me reconheço?
Não sou cristão, nem judeu,
nem mago, nem muçulmano.
Não sou do Oriente, nem do Ocidente,
nem da terra, nem do mar.
Não venho das entranhas da natureza
nem das estrelas girantes.
Não sou da terra, nem da água
nem do fogo, nem do ar.
Do empíreo não sou,
nem do pó deste tapete.
Não sou da tona, nem do fundo,
nem do antes, nem do depois.
Nem da Índia, nem da China
nem da Bulgária, nem de Saqsin;
não sou do reino do Iraque,
nem da terra de Khorassan.
Nem deste mundo, nem do próximo,
nem do céu, nem do purgatório.
Meu lugar é o não-lugar,
meu passo é o não-passo.

Não sou corpo, não sou alma.
A alma do Amado possui o que é meu.
Deixei de lado a dualidade,
Vejo os mundos num só.
Procuro o Um, conheço o Um,
vejo o Um, invoco o Um.
Ele é o Primeiro e o Último,
o exterior e o interior.
-Nada existe senão Ele.(...)”

As pesquisas recentes provenientes de diversas fontes apontam para o dado inexorável de que a alma vive após a morte. Os dados provenientes das pesquisas bem como a práxis psicoterápica de inúmeros terapeutas transpessoais e de vidas passadas de diversos países na atualidade, comprovam que ela (a Alma) apresenta uma dimensão cósmica e é inexoravelmente inter e trans-religiosa. A alma é inter-religiosa na medida em que já passamos por tradições espirituais diferentes da que seguimos na atualidade. Ela é trans-religiosa no sentido de que, não só vivenciamos profundas experiências místicas que transbordam das doutrinas e crenças convencionais em outras encarnações, mas também, ao passarmos pela “grande viagem” da experiência do morrer várias vezes, sempre fomos surpreendidos, nos planos espirituais onde penetramos, por estados de consciência e do ser que estão acima das discriminações e unilateralidades mundanas que supúnhamos ser a verdade absoluta. Os relatos de pessoas de culturas e faixas etárias diversas que passaram pela experiência de quase morte atestam isso de maneira cabal.
A conclusão inexorável, quando examinamos detidamente os dados, é a de que, em várias vidas passamos por diversos caminhos espirituais e, muitos, quer ocidentais ou orientais, trazemos em nós formas religiosas que transbordam do meio religioso em que fomos criados: xamanismo, antigo Egito, as religiões do Oriente, budismo, hinduísmo, sufismo, o xamanismo, Mistérios egípcios, Gnose, cultos antigos e medievais, e outras “afinidades” espirituais que, usualmente, não sabemos de onde vem.
Ao experienciarmos, em um estado de consciência amplificada, por exemplo, na Meditação, trabalho Xamânico, Terapia de Vidas Passadas, Enteógenos e outras ferramentas de expansão da mente, percebemos que vivenciamos afinidades profundas com formas religiosas e culturais que não conhecíamos nesta vida, e a sensação de familiaridade é total.
Realizamos assim que, cercear a alma dentro de apenas um invólucro religioso, pode ser uma prática repressiva e anti-natural. Encontramos em nosso abençoado Brasil, abundante de oportunidades de contacto com múltiplas e diferentes manifestações da vida religiosa, que coexistem e se entrecruzam para formar nossa consciência espiritual, pessoas que apresentam em uma cosmovisão religiosa, sua própria síntese entre os elementos plurais que absorveram no convívio com várias formas de religiosidade ao longo do seu processo existencial.
A orientação da Arca, enquanto espaço não-doutrinário, não-diretivo, é a “Escola do Espírito Santo”, e, pela experimentação, pela gnose ou conhecimento direto, vivencial, guiada por Deus, pelos Seres Divinos, pelos Mestres, Anjo da Guarda, Guias, ou pelo Eu Sou, o Eu- Superior, Si-Mesmo, Atman, Cristo interno, Buda interno, Mestre Interior, Eu Divino, etc...
Nossa orientação sugere que cada qual examine por si, pelo caminho da experiência direta, todos os conhecimentos espirituais apresentados e que buscam alcançar e realizar. Conforme o sugerido pelo texto do budismo primitivo, o Kalama-Sutta: “Não creiais na fé das tradições, quaisquer que sejam seus méritos e honrarias, através de muitas gerações e em muitos lugares; não creiais numa coisa só porque muitos crêem nela; não creiais sobre a fé dos sábios do passado; não creiais no que imaginais, pensando que um Deus vos inspirou. Não creiais em nada sobre a única autoridade de vossos mestres e sacerdotes. Após exame, crede no que vós mesmos experimentardes e reconhecerdes razoável, no que for conforme o vosso bem e ao bem alheio.”
Um sábio discípulo, que era o príncipe do país e que, para alguns, poderia ser o próprio Senhor Buda Gautama, pediu que Lao-Tsu os instruísse acerca de como “(...) deveriam os homens e mulheres inclinados a obter a consciência exata da sua verdadeira natureza acalmar a sua mente? Por que senda deveriam seguir a fim de harmonizar sua mente com todos os aspectos da vida?”
“Respondeu o velho mestre: ”Ora, ora, alguém virtuoso e íntegro cuida de quantos praticam a virtude e o altruísmo. Alguém virtuoso e íntegro também orienta os que não praticam a virtude e o altruísmo, como disseste.
“Escuta o que te digo. Qualquer pessoa boa inclinada a obter a consciência de toda a verdade deveria seguir o Caminho Universal para abrandar a mente e para harmoniza-la com todos os aspectos da vida.”
“(...) Todos os meus amigos e discípulos deveriam harmonizar a mente com toda a vida e não ter nenhum antagonismo com respeito a qualquer ser vivo, quer tenha nascido do ventre, do ovo, da umidade ou de qualquer outro tipo de transformação; quer seja ou não capaz de pensar; quer tenha forma ou seja informe. Vós deveríeis acabar com toda discriminação individual e absorver todas as coisas na unidade harmoniosa”.
“A virtude do ser muito desenvolvido acolhe todas as pessoas e coisas e dissipa as trevas que os isolam. Conquanto vidas sem conta sejam iluminadas, a que não tem consciência do todo na verdade não ajuda ninguém. Por que é assim? Gentil príncipe, se a pessoa ainda possui os conceitos mentais da divisão do eu e dos outros, do masculino e do feminino, da longevidade e da brevidade, da vida e da morte, e assim por diante, em sucessão ilimitada, a pessoa não possui a consciência que a tudo abarca.”
Sendo assim ele ensina que “a pessoa não deveria limitar seus serviços fazendo distinção com base na cor, na nacionalidade, na família ou nos relacionamentos sociais, nas percepções sensoriais, ou em quaisquer outras condições relativas. Limitar os modos por que uma pessoa prestaria serviços aos demais para ser condizente com suas preferências pessoais é, em si, coisa prejudicial.”
Num mundo globalizado e interdependente, é essencial nos darmos as mãos, árabes e judeus, muçulmanos e cristãos, espíritas e evangélicos, espiritualistas e ateus materialistas. A solidariedade é, atualmente, um imperativo da convivência pacífica e da própria sobrevivência e salvação do planeta.
Dessa maneira, nos deparamos com a situação inexorável descrita pelo psicólogo clínico, professor de Psicologia, ex-pastor e presidente da Divisão de Psicologia Humanística da American Psychological Association, David Elkins: “Nunca antes na história do mundo tantas pessoas tiveram tanto contato com tantas culturas diferentes da sua própria.” Continuando a argumentação, ele traz à luz a vivência inexorável de muitos de nós, que nos ensina algo decisivo e profundamente espiritual: “Como estamos expostos a essas realidades múltiplas, torna-se cada vez mais difícil manter nossa própria realidade como a única verdadeira. Somente os mais protegidos dentre nós são capazes de faze-lo. A maior parte de nós é forçada a reconhecer que existem outras realidades tão viáveis quanto a nossa e que o que temos por verdadeiro pode ser mais relativo do que gostaríamos de reconhecer.”
Isso explica, de certo modo, algumas indecisões de muitos, que oscilam entre várias realidades representadas por diversas instituições religiosas ou não, com seus credos que se contradizem mutuamente, freqüentando a igreja cristã, o astrólogo, o centro espírita, a meditação, o yoga, o psicanalista, etc.; embora com conflitos, buscando realizar sua síntese pessoal, apresentam uma singular relação com o sagrado, com sua religiosidade mais ou menos consciente, com Deus. (Nota- Conforme ensinam os irmãos cabalistas existem 72 entradas para o Monte Sinai. A Montanha da ascensão espiritual é uma, mas cada qual entra de maneira própria, de tal modo que, poderíamos dizer que existem tantas entradas quanto seres humanos, quanto as almas que buscam o divino, embora seja uma e a mesma montanha.)
Desse modo concordamos, com o que David Elkins propõe, neste ponto de nossa reflexão: “Esse colapso de nosso centralismo religioso e a abertura de nós mesmos a outras tradições é o primeiro passo na nossa evolução espiritual”.
Enquanto afirmamos que este é seguramente o próximo passo que temos a dar para a preservação da humanidade e do planeta, percebemos que também este autor está perfeitamente sintonizado com a perspectiva espiritual canalizada que temos na Arca da Montanha Azul. Assim, fazemos nossas suas palavras: “Se estamos aptos a avaliar nossa própria tradição religiosa com a consciência de que ela não detém o monopólio da verdade espiritual, então podemos respeitar outras tradições e abrir o nosso coração para o que elas têm a oferecer”.
Ele nos recorda que existe um grande obstáculo a esta proposta, que temos de trabalhar em nossas instituições e ensinamentos espirituais e, principalmente, em nossos corações:
“Mas não é fácil nos abrirmos para outras perspectivas. Muitos de nós aprenderam que questionar a própria religião ou investigar as religiões dos outros é errado e até mesmo um ato de blasfêmia contra Deus e de traição à nossa tradição. Tabus religiosos como esses estão muitas vezes profundamente enraizados na psique humana, e é preciso muita coragem para transcendê-los. Mas, por difícil que possa parecer, vejo a relativização de nossa tradição e a abertura para outras perspectivas como o primeiro passo em direção à maturidade espiritual”.
Para além da percepção de que “(...) existem muitos meios de cultivar a alma que nada tem que ver com religião” (ao menos aparentemente, tais como a arte, a terapia, etc...), nos defrontamos com a necessidade de assumirmos a responsabilidade pelo nosso próprio desenvolvimento espiritual, usando o discernimento para filtrar o que está conforme nossa consciência, na tarefa, em parte, sempre solitária, de cultivo de nossa alma.
Nesse percurso de universalização dos corações e mentes, a transformação das antigas crenças, embora sofrida, se faz indispensável, e, “(...) a incompreensão por parte da família e dos amigos pode ser quase devastadora”, como sugere David.
Mas, temos igualmente a consciência de que, esta é a Redenção da Torre de Babel, conforme nos prega a filosofia da Arca, e de que, trabalhar pela união, no respeito pela diversidade de todas as tradições espirituais, nesse momento histórico, é a tarefa mais sábia e prudente que podemos realizar.
Desse modo nos conforta David: “Mesmo assim, nosso nascimento para uma consciência espiritual mais ampla é, em última análise, compensador. Irrompemos numa nova realidade que transcende o confinamento estreito de nossa própria cultura e credo. Nossa identificação move-se, para além do nosso clã, em direção à espécie humana como um todo, quando percebemos que os anseios espirituais de nosso próprio coração são a canção universal de toda a humanidade. O universo torna-se o nosso templo, a terra, nosso altar, e a vida diária, o nosso pão sagrado. As tradições orais, a literatura da sabedoria e o acervo espiritual do mundo tornam-se nossas escrituras, e toda a humanidade, independentemente de nação, raça, cor ou credo, torna-se a nossa congregação”.
Esta é exatamente a meta do preparo espiritual da Arca: uma inter e trans-religiosidade na base, sem hegemonia de uma Tradição sobre a outra, numa abordagem radicalmente plural, embora igualmente íntegra e unificada.
Vale a pena explicitarmos melhor o que definimos por pluralismo, a marca registrada do caminho espiritual do membro da Arca, uma proposta a ser inserida em todas as instituições religiosas. Assim o define o analista junguiano Andrew Samuels: “O pluralismo é uma atitude em relação ao conflito que tenta conciliar diferenças sem impor uma falsa solução para elas e sem perder de vista o valor próprio de cada uma destas posições. Enquanto ideologia, o pluralismo busca manter a unidade e a diversidade em equilíbrio - uma batalha tão antiga quanto a própria humanidade- em religião, filosofia e política, para suportar as tensões que se criam entre o uno e o múltiplo.”
Dentro dessas perspectivas, desembocamos em algumas posturas e conclusões que convergem perfeitamente com as colocações de frei Leonardo Boff: “O politeísmo não representa um estágio inferior da evolução religiosa rumo ao monoteísmo. Bem compreendido, não quer tanto afirmar a multiplicidade de divindades, mas as mil faces da mesma e única Divindade, do único Mistério de comunhão, vinculado à dinâmica aberta do mundo e do espírito. O monoteísmo, por sua vez, caminha pari passu com o surgimento de visões imperiais unitaristas que empobrecem a polivalência do sagrado.”
Como nossa proposta é mostrar a presença desta perspectiva em múltiplos indivíduos, mestres, avatares, e em diversos tempos, culturas e lugares, nos irmanamos aqui, na abordagem da Arca com uma visão idêntica à do mestre sufi Hazrat Inayat Khan, quando ensina que: “O trabalho da Mensagem Sufi é difundir a unidade da religião. Não é uma missão para promover um credo em particular, nem qualquer igreja ou religião; é um trabalho para unir na sabedoria os seguidores de diferentes religiões e crenças, de modo que, sem precisar desistir de sua própria religião, eles possam fortalecer sua própria fé e focalizar a verdadeira luz.”
Buscando nos seus bastidores alicerçar-se no lugar onde elas se unem para “(...) descobrir como os seguidores de todas as religiões podem ser amigos(...)”, assim como os sufis deste caminho universal, os membros da Arca se empenham com afinco chegar a essa “verdade única”.
Partindo desta premissa de que “dizer que o mundo todo precisa pertencer a uma única igreja, a uma única religião, é tão absurdo quanto dizer que todas as pessoas deveriam usar um único tipo de roupa”, os seguidores autênticos da Arca respeitam e acolhem as diversas formas religiosas como provenientes de uma Fonte comum.
Aprofundando esta proposição em nível radical e último, nós os gnósticos-devotos da Arca, como os continuadores desse caminho sufi mencionado, buscamos respeitar todos os mestres da humanidade bem como promover um culto conjunto, onde participam as diversas tradições, e, no qual, “as diferentes escrituras dos que tem ensinado a sabedoria são lidas no altar da Igreja de Todos.”
Ao acabar o Dilúvio, Noé viu brilhar um Arco-Íris no céu. Esta imagem é o símbolo e o selo de uma nova aliança entre Deus e os homens. Para algumas tribos de índios norte-americanos existe a idéia de que “a Roda do Arco-Íris representa a promessa de paz entre todas as Nações e entre todo o Povo. A Raça do Arco-Íris vem reforçar a igualdade entre as Nações e se opõe à idéia de uma raça superior que controlaria ou conquistaria as outras raças.”
O irmão Leonardo Boff apóia esse poderoso e inexorável referencial, nos reafirmando que “impõe-se mais e mais na consciência coletiva a unidade da espécie humana.”
Como posto avançado de escuta da Vontade divina, em perfeita sintonia com a revelação recebida por muitos outros e também por nós, frei Leonardo anuncia a Chegada dos Tempos, da Libertação gnóstica: “A espiritualidade e a ética, feitas dimensões da subjetividade, e não mais monopólio das religiões e das formas de controle dos costumes sociais, podem desempenhar a função de matrizes geradoras de um novo paradigma civilizacional, hoje de dimensões planetárias.”
Qual profeta na modernidade, ele antevê o futuro que já chegou, quando “surgiremos como cidadãos novos, planetários, guardiões da herança recebida da natureza e do trabalho civilizacional de todos os povos.”
A espinhosa missão de Bahá’u’lláh, mártir da missão a que igualmente fomos chamados, nos devotamos e formulamos aqui, nos deixa as mensagens decisivas: “Quem se dedica, hoje, ao serviço da inteira raça humana é, em verdade, um homem.” E finalmente, dele vem a profecia-mensagem divina para todos nós: “Tão poderosa é a luz da unidade que pode iluminar a Terra inteira.”
Fica aqui comprovado que essa visão unificadora não é algo isolado em uma dada cultura ou comunidade. Ela talvez seja o Chamado do Futuro e represente a esperança de entrarmos em uma nova era de cooperação, prosperidade para todos e de paz definitiva. Para sua materialização é necessária a contribuição e responsabilidade de cada um de nós, Só assim inauguraremos, aqui e agora, um futuro melhor para toda a humanidade. Que Deus nos ajude nesta grandiosa tarefa!

Rio, 21 de março de 2003. terminado em 01/07/03

Philippe Bandeira de Mello